POEMAS



Hugo Márcio Lemos Teixeira
Belo Horizonte/MG.


Lá era um lugar tão longe, tão longe,
Muito longe.

Era tão longe que lá era onde até os rumores terminavam.
O caminho para se chegar lá era tão longo
Porque era composto de muitas línguas
Até lá, igual elos de uma corrente, e os elos eram as línguas.

Para lá, até um ponto ainda distante, mas já um pouco mais perto,
-- como mais perto era lá de aqui --
O caminho eram as línguas.

Até aqui, era a minha língua que se encontrava com outra língua,
que já não era a minha língua aqui.
Lá, cada vez mais longe, mas cada vez mais perto,
A língua, que já não era a minha, mas já não era também a outra,
já era agora uma outra, num caminho de línguas.
O que a minha língua falava, a outra entendia, já a outra entendia a
outra e não mais a minha.

Lá, que agora era aqui, a minha língua já não se entendia,
Porque as línguas que se entendiam eram a outra com a outra e a
Minha, lá, já não existia.
A minha língua, como o caminho de onde se partiu, se distanciava
Mas outras línguas apareciam, e chegavam até lá.

Lá era já tão longe, que nem sequer se sabia de onde se começou.
Já lá, as línguas eram tantas, tantas as línguas que passaram
Que já não se sabia qual era a minha, a outra, ou a outra
No final, já não importava nem o que se buscava lá.
Nem mesmo importava se lá existia.