Sarapatel dos Estetas
 
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Oração do pescador do Atol de Muroroa
 
Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior
Belo Horizonte - M.G..
 
 
Crônicas A luz leitosa que anuncia a chegada do dia é um incesto com a lua & quantas crianças vão morrer hoje?
  Quantas, hein?
 
As luzes acendem e apagam, estarei só à beira dos vagões de carga, dos bêbados que chacoalham as jóias, dos postes à beira do Mar Morto, dos ditadores de botequim com teorias para tudo, virarei poeira e alimento para moscas voadoras adultas caninas -- irão me lançar ao céu, o céu que me persegue com um sol implicante, uma terra redonda e chata que insiste em girar, rodar, me deixar frio e podre e entregue aos vermes!

Ah, Deus, sua cara de esfinge não aparece nos filmes do Batman, nem nos de Disney, e nem nos da Birmânia, nem nos do Império Centro-Africano nem contempla a farda do Idi Amin em Uganda, há um Sri Lanka no meu peito me espetando com suas tenazes crocantes, com sua carne de Chokito me deixando doido & manso...

Queria ser uma casca, uma larva canora estourada por um curto-circuito ou sobrecarga, um aspirador de pó viciado em sexo oral que soubesse de cor os livros de Charles Bukowski.

E se eu fosse falar de meu país, que eu gritasse histérico e esgoelasse frases desconexas: MERDE! MERDE! JE T'AIME! Se os ET's viessem, seriam chatos e comeriam pipocas debochando de Cristo, falariam como choféres de táxi carentes de assunto emitindo sons guturais, perversos como escoteiros sadomasoquistas, a Madre Teresa de Calcutá doidona estaria distribuindo baseados aos cabeludos de Bangladesh: "formem suas próprias bandas de rock!" Rangeria ela berrando um trash metal católico. E depois, entre gemidos, quando a chuva negra começasse a cair:

"Oremos entre recifes! Oremos pela completa destruição do mundo!"

 
  
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