Sou um barco
a percorrer várias
ilhas.
Para algumas,
aquelas que desconheço,
Sou como um descobridor.
Aporto-me
No cais que eu
construo,
Desembarco nas
praias que escolho
Embevecido por
sua beleza.
Estando na ilha,
Caminho pela
areia
Numa procissão
de um homem só
Entoando meus
cânticos de amor.
Como um estandarte
de linho cru
Preso ao mastro
de meu navio
Desfraldo minha
vela
Que já
não precisa barrar o vento.
E assim, num encontro
do velho com o novo mundo,
Aposso-me dela,
minha desconhecida ilha.
Seguindo o ritual,
Prossigo em meu
desvairio de sol e de mar.
O pano preso
à madeira se transforma, primeiro,
Na bandeira que
antevi no sonho da noite passada.
Penetro em suas
entranhas
Enterrando-a
nas areias da sua praia.
Mais tarde,
depois da aurora,
Desembainho meu
pano de vento
E faço
dele minha cama.
E ali, coberto
pelo seu doce manto noturno,
me deito abraçado
à minha ilha.
Mais tarde ainda,
Num confuso momento
entre sonho e realidade,
Embalado em minhas
próprias ondas, mareado em tantas paixões,
Me desabraço
dela.
E feliz de sua
liberdade
Devolvo-a ao
mar.